Você já deve ter ouvido falar a respeito de teorias sobre a existência de outros universos, paralelos ao nosso. Algumas dessas teorias inclusive propõem que nós também estaríamos vivendo nessas realidades alternativas, e que todas as escolhas que fizemos — ou não — neste cosmos teriam resultados completamente diferentes por lá. Parece loucura, certo? Uma coisa saída dos livros de ficção científica!
Entretanto, de acordo com Elizabeth Howell, do portal Space.com, o conceito de universos paralelos não é nenhuma maluquice criada para o cinema ou para servir de pano de fundo para alguma história em quadrinhos. Ele está inserido na teoria sobre os multiversos e, acredite, segundo os físicos, existem evidências de que esses espaços alternativos realmente podem existir.
Começando pelo começo
Como você sabe, de acordo com a teoria do Big Bang, antes da explosão primordial que deu origem ao nosso universo, tudo o que há no cosmos se encontrava concentrado em um único ponto. Então, algo fez com que esse ponto começasse a se expandir e inflar tridimensionalmente e, conforme a imensa energia gerada por essa dilatação foi esfriando, pequenas partículas começaram a se aglomerar até formar planetas, estrelas e galáxias.
Entretanto, cientistas — entre eles figurões como Stephen Hawking, Brian Greene, Max Tegmark, Neil deGrasse Tyson, Ranga-Ram Chary e outros tantos — se perguntam se o nosso universo é o único que existe por aí. Aliás, graças a essa turminha genial, há pelo menos cinco teorias que explicam a razão de a existência de múltiplos universos ser possível. Confira a seguir:
1 – Nós ainda não sabemos qual é o formato real do espaço-tempo
Segundo uma das teorias mais populares que existem atualmente, o espaço-tempo seria plano — em vez de esférico ou na forma de uma panqueca — e infinito. De acordo com esse conceito, se ele se estende para sempre, então, em dado momento, ele deve começar a se repetir, já que apenas existe um número finito de maneiras como as partículas podem se organizar no espaço e no tempo.
Sendo assim, se pudéssemos observar longe o suficiente, possivelmente encontraríamos outra versão de nós mesmos adiante e, além dessa versão, um número infinito delas mais além. O mais interessante — e insano — a respeito dessa teoria é que algumas dessas nossas cópias estariam vivendo ao mesmo tempo que nós e levando vidas completamente diferentes das nossas.
Realidades paralelas
O problema em provar essa teoria é que, por conta das nossas limitações tecnológicas, as observações que podemos fazer do cosmos até o momento se restringem ao nosso mesmo e olhe lá! Afinal, o universo observável se estende até onde a luz conseguiu chegar desde que o Big Bang aconteceu — há 13,7 bilhões de anos. Assim, se pudéssemos ver o que há além desse limite, é possível que encontrássemos outro universo e, além dele, infinitos universos sucessivos.
2 – Existe a questão da inflação eternal
Não, não nos referimos a problemas de economia cósmica. Segundo alguns físicos, quando observamos o espaço-tempo como um todo, existem determinadas regiões que param de se expandir — como o Big Bang fez com o nosso universo. Por outro lado, outras áreas do cosmos continuam se inflando e se tornando cada vez maiores, dando origem a muitos espaços isolados.
Assim, se imaginarmos o nosso universo como sendo uma bolha de sabão, ele estaria inserido no meio de uma rede de bolhas de universos diferentes. O nosso próprio cosmos seria um desses espaços nos quais a “inflação” teria cessado, permitindo que planetas, estrelas e galáxias se formassem — enquanto na rede de bolhas haveria outros universos ainda em expansão ou iguais ao nosso.
Bolhas e mais bolhas
O interessante sobre essa teoria é que existe a possibilidade de que as leis da física e as constantes fundamentais que regem o universo sejam diferentes em outros cosmos, fazendo desses espaços locais completamente diferentes do nosso — e bastante estranhos também!
3 – A mecânica quântica também tem um palpite
A mecânica quântica rege o mundo das partículas subatômicas, e ela também tem uma proposta para explicar a possibilidade de que os universos paralelos podem existir. Essa ramificação da física explica o Universo em termos de probabilidades, em vez de resultados definidos.
Isso significa que, segundo a mecânica quântica, todas as consequências possíveis que podemos esperar de determinada situação podem acontecer, cada uma em um universo diferente. Assim, de acordo com essa ideia, digamos que você chegue até uma encruzilhada e decida tomar a via da direita em vez de ir pela esquerda.
Tudo depende...
O nosso universo atual daria origem a outros dois universos, um onde você seguiria para a direita e outro, no qual você iria pela via da esquerda — e em cada universo novo haveria uma cópia de você mesmo vivenciando uma dessas duas escolhas. E mais: essa cópia sua também estaria convencida (como você está convencido agora) de que ela existe em apenas uma realidade.
4 – A matemática não poderia ficar de fora!
Para alguns cientistas, a matemática é muito mais do que uma simples ferramenta que pode ser usada para ajudar a descrever o Universo. Em vez disso, ela seria a realidade fundamental — e as nossas observações do cosmos nada mais seriam que percepções incorretas de sua real natureza.
Nesse caso, de acordo com os — matemáticos — defensores dessa teoria, a estrutura matemática que compõe o nosso universo não seria a única opção possível, e todas as demais possibilidades existiriam na forma de universos independentes. Sendo assim, pode ser que haja cosmos por aí completamente diferentes do nosso e que exista sem a nossa presença.
5 – Eles podem existir uns sobre os outros
Voltando ao conceito de que o espaço-tempo é plano e infinito... Lembra que comentamos que essa teoria se baseia na ideia de que existe um número limitado de maneiras como as partículas podem se organizar no espaço? E que depois de dado momento o espaço começa a se repetir? Então...
A proposta aqui seria que o nosso mundo possui muitas outras dimensões além das três que existem no espaço — e da quarta, que seria o tempo. Em vez disso, outros planos estariam “flutuando” sobre o nosso em uma dimensão mais alta, como se fossem panquecas (cósmicas) situadas umas sobre as outras.
Uau... que viagem!
Outra variante — maluca — dessa mesma teoria defende que os planos não precisam necessariamente estar uns sobre os outros, sendo que, às vezes, eles inclusive podem colidir uns com outros. Essas trombadas dariam origem a outros Big Bangs, fazendo com que surgissem novos universos. Doideira, né?
***
Vale destacar que, assim como vários cientistas renomados defendem a ideia de que outros universos existam em paralelos ao nosso, também há muitos céticos. Isso porque, de acordo com esse pessoal que contesta as teorias, o nosso universo ainda é “jovem” demais, somando menos de 14 bilhões de anos.
Portanto, ao não ser infinito ainda, as possiblidades que permitiriam que a reorganização das partículas de forma a dar origem a outros universos seriam limitadas — restringindo as chances de que existam cópias de nós mesmos vivendo em outros planos. Ademais, a expansão que ocorreu logo após o Big Bang já não apresenta mais a mesma energia e vem acontecendo mais lentamente.
Não deu tempo ainda
Isso implicaria em que os supostos universos paralelos teriam diferentes ritmos e períodos de inflação, resultando, também, em uma menor probabilidade de que espaços semelhantes ao que nós habitamos pudessem surgir.
Por último, mesmo desconsiderando todas essas variáveis acima e pensando na “mecânica quântica” da coisa, alguns cientistas acreditam que o número de probabilidades para cada situação aumenta a uma taxa maior do que a da inflação do universo. Assim, a não ser que o cosmos esteja se expandindo por um período infinito de tempo, não há como existir um universo paralelo idêntico ao nosso.
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