Por Thássius Veloso, de Cupertino (EUA)
O iPhone X é exatamente aquilo que esperávamos: um supercelular que unifica tecnologias e inovações existentes em outros modelos. Dessa vez a Apple fez o dever de casa ao apresentar na terça-feira (12) o smartphone com visual bastante diferente do que estamos acostumados a ver no iPhone 8, iPhone 7 e mesmo iPhone 6. Ele é apontado por analistas como o “smartphone do futuro” que chega ao mercado por um preço mais alto – inclusive no Brasil, pois a Apple dá como certo o desembarque dele no país “até o fim do ano”.
Logo de cara, o iPhone X chama a atenção pela falta do tradicional botão inicial (carinhosamente chamado de Home) e pelo recorte preto na área superior do display. Os engenheiros da Apple certamente tiveram que repensar a interação do usuário com o telefone, visto que dois componentes essenciais de modelos anteriores saem de cena com o novo produto.
O leitor de impressões digitais e o Touch ID dão lugar ao reconhecimento facial e ao Face ID. A Apple diz que o celular “sabe quem você é” só de olhar para a tela, e na sequência realiza o desbloqueio. A promessa é essa, mas faltou combinar com o próprio celular, que apresentou dificuldade de reconhecer um executivo durante a demonstração no palco do evento.
Apesar do soluço, o supercelular mostra-se esperto na leitura das informações do rosto. Funciona da seguinte maneira: a tela de bloqueio exibe um ícone de cadeado que permanece fechado enquanto a identidade do usuário não é confirmada, mas que se abre quando o Face ID detectou que está diante do proprietário do telefone. O procedimento de tirar o iPhone X do bolso e trazer para o alcance do rosto leva poucos instantes, e imediatamente ele libera o acesso aos aplicativos e funções do smartphone.
Alguns entusiastas da tecnologia expressaram preocupação com a hipótese de ter de trazer o celular para mais perto dos olhos, na tentativa de fazer o desbloqueio. Não é bem por aí: a distância natural que as pessoas estão acostumadas, na hora de manusear o iPhone, é suficiente para este reconhecimento de rosto.
A tecnologia é rápida e mais precisa do que o Touch ID, de acordo com a Apple. Não há necessidade de colocar o iPhone X exatamente diante dos olhos, como no Galaxy S8 habilitado para desbloqueio por íris – o telefone também tem um sistema de reconhecimento facial, mas a própria Samsung admite que ele não é tão seguro e faz ressalvas quanto a seu uso.
Tudo isso acontece na tela de 5,8 polegadas – chamada de Super Retina – que ocupa a maior parte da face do smartphone. A Apple emprega no iPhone X um display OLED capaz de mostrar cores mais vibrantes e taxa maior de contraste. A novidade é muito bem-vinda, enquanto os demais modelos (iPhone 8 e iPhone 8 Plus) permanecem com display LCD mais opaco.
A escolha dessa tecnologia foi certeira para resguardar uma excelente qualidade de imagem. As animações e efeitos especiais dentro do sistema iOS 11 parecem saltar diante dos seus olhos e as fotos ficam mais bonitas quando vistas com tamanha gama de cores. Neste quesito há um avanço significativo em relação a outros iPhones. Ao mesmo tempo, é sabido que o display do modelo X fica um patamar abaixo do Galaxy S8 quando o assunto é capacidade de iluminação (1.000 nits vs 625 nits, de acordo com as respectivas fichas técnicas).
O sumiço do botão Home leva a algumas mudanças na forma de controlar o sistema. O usuário que comprar o iPhone X terá de se acostumar com o gesto de deslizar o dedo para acima para acessar a tela inicial a partir da tela de desbloqueio. As notificações aparecem ao arrastar o dedo de baixo para cima, a partir da área superior esquerda da tela. O painel de controle também requer o mesmo gesto, porém a partir da zona superior direita do display.
Parece complicado? Talvez seja mesmo. Os adeptos do iPhone estão acostumados com uma maneira diferente de manipular o smartphone. Com a chegada do modelo X isso muda de figura, e certamente há uma curva de aprendizado até usar o smartphone em toda a sua glória. Quem trocou o Android pelo iOS (ou vice-versa, claro) fica com a sensação de que as coisas estão fora de lugar porque algumas formas de controle do sistema e de acessar funções são acionadas de maneiras distintas. Com o anúncio de ontem, a Apple passa pela mesma situação.
Ao pegá-lo em mãos, o iPhone X apresenta ergonomia bastante similar à do iPhone 7. Ainda dá a impressão de que o telefone está à beira de cometer um suicídio rumo ao chão por causa do material pouco aderente. A parte de trás volta no tempo ao usar novamente vidro, componente que tradicionalmente resulta em belos estragos quando se espatifa no chão. A novidade se justifica pela inclusão da recarga sem fio, função que existe há séculos em outros modelos à venda no mercado, e que só agora chega ao celular da Apple. O carregador wireless é vendido separadamente, claro.
O hardware do iPhone X possui o que há de mais avançado no mercado. Tome como exemplo o processador hexa-core com quatro núcleos concebidos para eficiência energética e dois núcleos de alto desempenho. O ganho de velocidade chega à casa dos 70% em alguns casos, na comparação com o iPhone 7 do ano passado, que por sua vez já é um smartphone muito rápido. Conheça a ficha técnica completa ao fim do artigo.
O chip A11 Bionic agora está acompanhado de mais memória RAM. O conjunto da obra é capaz de executar as tarefas mais rapidamente; em alguns casos, de forma instantânea.
É assim, por exemplo, com os animojis, os emojis da Apple em formato 3D e que acompanham os gestos e trejeitos do rosto do usuário. Dá para selecionar uma simpática raposa e gravar uma mensagem animada do bicho 3D falando algo. A captura e reprodução dos movimentos da boca e dos olhos ocorre instantaneamente. Deu play e gostou do resultado? Agora é só mandar a animação 3D para os amigos – desde que eles utilizem o Apple Mensagens, pois o recurso é exclusivo de iPhone.
Os animojis dependem da câmera frontal do iPhone X. Ela está mais poderosa, embora mantenha os mesmos 7 megapixels do passado. Uma adição interessante é o modo retrato para selfies. Sabe quando você tira uma foto e deixa a paisagem desfocada, justamente para destacar o personagem da fotografia? Esta é a promessa da Apple, só que agora sem recorrer à câmera principal (dupla) do telefone.
Por falar em câmera dupla (também chamada de dual camera em inglês), ela também recebe pequenas melhorias. A lente objetiva ganha uma estabilização de imagem (OIS) que reduz as chances de fotos tremidas. O componente também detecta melhor a luz, uma boa adição para quem gosta de fotografar em ambientes pouco iluminados.
Para finalizar, uma curiosidade: o nome do produto é iPhone X, mas fala-se “iPhone dez” – portanto, nada de chamá-lo de “iPhone xis” (em português) ou “iPhone ex” (em inglês), segundo a fabricante. Eis aí mais um motivo para acreditar que a Apple trouxe o iPhone X do futuro, já que o modelo 10 deveria chegar ao mercado só em 2022, se fôssemos seguir a sequência 7S, 8, 8S… etc.
Por outro lado, a companhia estava devendo inovações para os fãs da marca, e consegue atender esta expectativa com um smartphone com visual renovado, diferente e com alto poder de processamento. As encomendas do iPhone X nos Estados Unidos começam em 27 de outubro e as vendas em lojas estão agendadas para 3 de novembro. O preço de US$ 999, equivalente a R$ 3,1 mil pelo câmbio do dia, é salgado até mesmo para o público americano.
A Apple confirma que o produto vai desembarcar em território nacional em 2017. O preço do iPhone X no Brasil permanece um mistério.
“Primeiras impressões” oferecem um primeiro olhar sobre produtos e serviços recém-anunciados. Testes mais aprofundados costumam ser necessários para avaliar quesitos como duração de bateria, experiência de uso ou qualidade de câmera fotográfica.
O jornalista viajou para os Estados Unidos a convite da Apple.
Ficha técnica do iPhone X (Apple)
- Início da pré-venda: 27 de outubro de 2017
- Preço de lançamento: US$ 999 (cerca de R$ 3.100, em conversão direta, sem impostos)
- Dimensão da tela: 5,8 polegadas
- Resolução da tela: 2436 x1125 pixels
- Densidade da tela: 458 ppi
- Processador: Apple A11 Bionic hexa-core
- Armazenamento: 64 GB ou 256 GB (sem entranda para cartão de memória)
- Câmera traseira: Dupla de 12 MP, com lente grande angular de abertura f/1.8 e lente teleobjetiva de f/2.4
- Gravação de vídeos: 4K em 24 fps, 30 fps ou 60 fps / 1080p em 30 fps ou 60 fps / 720p em 30 fps
- Câmera frontal: 7 MP, com abertura f/2.2 e gravação de vídeos em HD (1080p)
- Sistema: iOS 11
- Bateria: duração de até 21 horas em ligações; carregamento rápido de até 50% em 30 minutos; compatível com carregador sem fio
- Sensores: Face ID, barômetro, giroscópio, acelerômetro, sensor de proximidade e sensor de luz ambiente
- Dimensões: 143,6 x 70,9 x 7,7 mm
- Peso: 174 gramas
- Cores: preto espacial e prateado
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