Do site: https://history.uol.com.br/ciencia-e-tecnologia/cientistas-usam-celulas-humanas-para-criar-robos-vivos-com-poder-de-cura
Uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos criou robôs minúsculos feitos a partir de células traqueais humanas. Em uma experiência de laboratório, esses dispositivos (batizados de "anthrobots") foram capazes de estimular o crescimento de neurônios danificados. Um estudo sobre a nova tecnologia foi publicado no periódico científico Advanced Science.
Robôs biológicos
Os robôs multicelulares têm tamanhos que variam entre a largura de um fio de cabelo humano e a ponta de um lápis afiado. Feitos para se auto montarem, eles demonstraram ter um efeito curativo em outras células. Segundo os pesquisadores, o dispositivo é um ponto de partida para o uso de biobots (robôs biológicos) derivados de pacientes como novas ferramentas terapêuticas para regeneração, cura e tratamento de doenças.
O estudo é derivado de uma pesquisa anterior na qual cientistas criaram os chamados "xenobots", robôs feitos a partir de células embrionárias de rãs. Esses dispositivos foram capazes de se locomover, coletar materiais, registrar informações, curar-se de lesões e até mesmo replicar a si mesmos por conta própria. Na época, os cientistas não sabiam se estas capacidades dependiam do fato de serem derivadas de um embrião de anfíbio ou se os biobots poderiam ser construídos a partir de células de outras espécies.
No novo estudo, os pesquisadores descobriram que os robôs podem ser criados a partir de células humanas adultas sem qualquer modificação genética. Além disso, a pesquisa demonstrou que eles têm algumas capacidades além das que foram observadas nos xenobots. Os pesquisadores descobriram que os anthrobots também poderiam se mover de diferentes maneiras sobre uma superfície de neurônios humanos cultivados em uma placa de laboratório e estimular um novo crescimento para preencher as lacunas causadas por danos na camada de células neuronais.
“Os conjuntos celulares que construímos no laboratório podem ter capacidades que vão além do que fazem no corpo”, disse Michael Levin, pesquisador da Universidade Tufts e líder do estudo. “É fascinante e completamente inesperado que células traqueais normais de pacientes, sem que seu DNA seja modificado, possam se mover por conta própria e estimular o crescimento de neurônios em uma região danificada”, afirmou. “Agora estamos analisando como funciona o mecanismo de cura e perguntando o que mais eles podem fazer”, completou.
As vantagens da nova técnica incluem a capacidade de construir robôs a partir das células do próprio paciente para executar trabalhos terapêuticos sem o risco de desencadear uma resposta imunológica de rejeição ou necessitar de imunossupressores. Eles duram apenas algumas semanas antes de se decomporem e, portanto, podem ser facilmente reabsorvidos pelo corpo após a conclusão de sua tarefa.